O CocoaAction Brasil é uma iniciativa pré-competitiva, público-privada ampla do setor cacau, cujo objetivo é fomentar a sustentabilidade, com foco no produtor de cacau. A iniciativa, em parceria com a Fundação Mundial do Cacau (WCF), que começou no Brasil em 2018, também busca o desenvolvimento da cadeia cacaueira por meio da troca de conhecimento e sinergias com trabalhos já existentes. A ideia é melhorar a produtividade e rentabilidade dos produtores.
Entre as prioridades da iniciativa, definidas coletivamente pela cadeia, estão a melhoria da produtividade, da qualidade do cacau, das condições de vida dos produtores e da gestão da propriedade; prevenção de pragas e doenças; controle do desmatamento e promoção do reflorestamento; acesso a crédito; entre outros.
Desde 2019, a CocoAction é parceira do Fundo Vale e, recentemente, passou a estabelecer um diálogo com o ITV com a proposta de estabelecer sinergia entre as instituições e compartilhar informações sobre a cadeia.
Para saber mais sobre o assunto, conversamos com Guilherme Salata, da P&A que coordena o CocoaAction Brasil. Confira:
ITV: Como é a parceria entre o CocoaAction e o ITV? Como essa parceria começou?
Guilherme: O CocoaAction é uma iniciativa da Fundação Mundial do Cacau, a qual busca exclusivamente tratar do desenvolvimento sustentável da cadeia cacaueira. Em 2019, um ano depois do surgimento da iniciativa, conhecemos o trabalho do Fundo Vale. Hoje, o Fundo vem financiando várias atividades que de alguma forma estão ligadas à cacauicultura, justamente porque parte da meta vai ser a recuperação de áreas degradadas com sistemas agroflorestais com o cacau. Do outro lado há o ITV, que também vem fazendo algumas pesquisas ligadas à cacauicultura. Hoje, não temos nenhuma atividade em parceria com o ITV, mas temos uma relação muito próxima com o Instituto, sobretudo em relação à troca de informações. Por exemplo, estamos usando os dados da pesquisa coordenada pela prof. dra. Rosa Paes, para ampliar o debate sobre a produção de cacau em Medicilândia e promover melhorias. Esse é um pouco do papel do próprio CocoaAction. A gente tenta criar sinergia entre as ações, sejam as que a gente tem feito ou qualquer outro ator da cadeia tem feito, e assim nessa lógica a gente também traz o ITV para a conversa.
ITV: Como os dados do ITV auxiliam nas ações da CocoaAction?
Guilherme: Qualquer tipo de conhecimento gerado sobre a cadeia é importante para que ela se conheça. Essas informações ajudam a embasar desde políticas públicas até investimentos do setor privado. Os dados das pesquisas do ITV, sobretudo o diagnóstico sobre a produção de Medicilândia são, portanto, indispensáveis. Medicilândia é hoje o município com maior produção de cacau no Estado do Pará. Contudo, vemos que assistência técnica é um gargalo importantíssimo, então como a gente enquanto cadeia consegue melhorar essa questão? Como a gente consegue fazer que o produtor acesse mais a assistência técnica? A regulamentação fundiária é um problema seríssimo no Pará todo, não é um problema específico da Medicilândia. Quantificar e qualificar a informação é importantíssimo. Então, o trabalho do ITV é relevante nesse sentido. O CocoaAction também fez um trabalho nos municípios do Sul da Bahia por meio de outro instituto, que resultou num relatório socieconômico sobre os produtores daquela região. Tudo isso auxilia nas conversas, nos processos de articulação, no levantamento de recursos e no direcionamento de políticas públicas.
ITV: Quais ações estão no horizonte CocoaAction para os próximos meses?
Guilherme: Essas possibilidades começaram a ser pensadas agora, e pretendemos aprofundar este tema. Já ficou evidente a importância destes levantamentos em Medicilândia. Coordenamos junto a toda cadeia um trabalho interessante que resultou no Currículo de Sustentabilidade do Cacau, que é quase um guia de boas práticas agrícolas, que aborda desde as questões econômicas, produtivas, ambientais e sociais em uma lógica de melhoria contínua.A partir disso, começamos a pensar se o currículo de sustentabilidade pode auxiliar no levantamento de informações. O interessante disso tudo é que fizemos um trabalho parecido com os produtores, também na Bahia. Se a gente conseguir começar a aumentar esse banco de dados, podemos ter um panorama melhor e mais refinado. Poderíamos realizar até mesmo um comparativo entre as diferentes regiões, entre os diferentes polos, e criar essa linha de base de comparação. Nesse sentido, o que estamos vislumbrando é conseguir aprofundar um pouco mais esses diagnósticos que o ITV começou em Medicilândia.