As pesquisadoras do ITV DS Samia Nunes e Rosane Lopes Cavalcante participaram da abertura oficial do VC Challenge 2022, competição de inovação e startups para estudantes universitários e de ensino médio do Brasil. Este ano, o evento teve também a participação de empreendedores que já se encontram no mercado.
O tema da aula de Rosane Cavalcante foi a sustentabilidade, ou a forma que a atualidade vem encontrando para conciliar o desenvolvimento econômico com as questões sociais e ambientais. Rosane lembrou que a expressão “desenvolvimento sustentável” surgiu nos anos 80, com o relatório “Nosso Futuro Comum”. Hoje, as empresas adicionam a governança às camadas ambientais e sociais.
Diminuir as emissões de carbono, reduzir os riscos relacionados às mudanças climáticas e tirar CO2 da atmosfera são alguns dos desafios das empresas hoje. A meta é, como definido no Acordo de Paris em 2015, promover esforços para limitar o aumento de temperatura a 1,5° acima dos níveis pré-industriais.
“É cobrado que as empresas tenham metas e métricas. E, agora, que olhem além: é preciso que as empresas gerem impactos positivos para a sociedade”, contou Rosane, que falou também sobre as fontes de energia disponíveis para que se possa alcançar a meta, além das soluções disponíveis para a mudança de uso da terra e florestas, setor que mais contribui para as emissões de gases do efeito estufa do Brasil.
“Temos poucas políticas voltadas para a saúde do solo. Precisamos trabalhar, simultaneamente, a tecnologia, os mercados e a política”, concluiu Rosane Cavalcante.
Coube à Sâmia Nunes falar sobre recomposição florestal, tema em que a pesquisadora tornou-se especialista. O Brasil, lembrou Sâmia, comprometeu-se oficialmente a zerar o desmatamento ilegal até 2028 e a restaurar 18 milhões de hectares até 2030, recuperando 30 milhões de hectares de pastagens degradadas. Mas ela faz questão de pontuar a importância da vegetação secundária para mitigar os efeitos das mudanças climáticas pela absorção do carbono da atmosfera.
“Esta vegetação tem o poder de ajudar a restabelecer a biodiversidade da fauna e da flora, reduzir os eventos climáticos. O Brasil ainda não conseguiu avançar na agenda ambiental, tanto em frear o desmatamento quanto em promover restauração em larga escala. E somente o Estado do Pará tem legislação específica para proteger a vegetação secundária”, disse Sâmia Nunes.
A questão fica preocupante quando se sabe que hoje as áreas de vegetação secundária estão sendo muito mais desmatadas do que as áreas de vegetação primária. Isto quer dizer que as áreas que estão crescendo na Amazônia, por exemplo, estão sendo constantemente utilizadas.
“Somente uma pequena fração consegue chegar a estágios mais avançados de desenvolvimento”, concluiu Sâmia.
As palestras tiveram uma audiência prioritariamente de jovens, que certamente se beneficiaram das informações sobre os desafios atuais.