Foto: Arquivo ITV

Entre os dias 03 e 13 de junho de 2024, o Projeto Genômica da Biodiversidade Brasileira (GBB) realizou sua primeira visita de campo na Floresta Nacional do Tapajós, uma unidade de conservação federal localizada na Amazônia, oeste do estado do Pará.

Essa primeira viagem de campo inovou ao aplicar o DNA ambiental metabarcoding para monitorar a biodiversidade da região. A técnica consiste em avaliar simultaneamente milhares ou milhões de sequências de DNA consideradas códigos de barras (ou barcodes) e que permitem identificar múltiplas espécies a partir de uma única amostra. 

O Projeto GBB é um acordo de parceria para pesquisa, desenvolvimento e inovação firmado entre o Instituto Tecnológico Vale (ITV) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) focado no mapeamento genômico de espécies da fauna e flora brasileiras, incluindo as ameaçadas de extinção, exóticas invasoras e com potencial bioeconômico. 

A expedição foi formada por 10 pesquisadores e bolsistas do ITV, ICMBio e Universidade Federal de São Carlos (UFScar). O acompanhamento ficou por conta dos coordenadores do GBB, Alexandre Aleixo (ITV) e Amely Martins (ICMBio), com base estabelecida na Cooperativa Mista da Flona do Tapajós (COOMFLONA), onde é realizado o manejo florestal comunitário com responsabilidade socioambiental. 

O objetivo principal deste campo foi testar o quanto uma campanha de DNA ambiental metabarcoding consegue capturar de registros da biodiversidade em comparação a métodos tradicionais já utilizados na Flona Tapajós por parte do Programa Nacional de Monitoramento da Biodiversidade (Monitora), que aplica tanto o protocolo básico de transecções lineares quanto o protocolo avançado com armadilhas fotográficas.

O DNA ambiental metabarcoding já é amplamente utilizado como ferramenta de monitoramento da biodiversidade no Hemisfério Norte, em países como Canadá, Estados Unidos e Inglaterra. A coleta de amostras ambientais diversas, como solo, água e ar permite a detecção dos seres vivos que ocorrem em determinado ambiente sem a necessidade de coletar os espécimes, sendo, portanto, considerada uma técnica não-invasiva.

Na Flona Tapajós, foram coletadas amostras de solo e serrapilheira, além de insetos voadores utilizando armadilhas Malaise e moscas utilizando armadilhas com iscas. A partir disso, o material será preparado para a extração do DNA presente nas amostras e serão utilizados marcadores genéticos específicos para detectar espécies de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e invertebrados. Esses marcadores serão então lidos por plataformas de sequenciamento de alto rendimento e analisados com ferramentas de bioinformática.

A partir de então, os resultados permitirão caracterizar a biodiversidade local a partir das sequências geradas e compará-la com dados históricos do Monitora, potencialmente ampliando o monitoramento de grupos taxonômicos ainda não incluídos pelo ICMBio. 

A expedição à Flona Tapajós marca a primeira de 6 visitas de campo planejadas pelo GBB até 2027, abrangendo unidades de conservação em diferentes biomas brasileiros, como Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga e ambientes marinho-costeiros, além da Amazônia. A meta é estabelecer protocolos de monitoramento por DNA ambiental metabarcoding em ambientes tropicais, complementando o Programa Monitora e contribuindo para o conhecimento e conservação da biodiversidade brasileira.

Para mais informações sobre o Projeto GBB, visite o site.