Nos últimos quatro anos, as áreas ocupadas pelo garimpo no Brasil – 93% delas localizadas na Amazônia – tornaram-se maiores do que as áreas ocupadas pela mineração industrial. O aumento já vinha sendo constatado desde 1985, mas desde 2010 começou a haver uma forte expansão, coincidindo com o avanço sobre territórios indígenas e unidades de conservação.
“Este fenômeno pode ser explicado por conta do aumento do preço do ouro”, conta Pedro Walfir, pesquisador do Instituto Tecnológico Vale Desenvolvimento Sustentável, doutor em Geologia, que coordenou o Grupo de Trabalho que produziu essas informações para a plataforma MapBiomas Brasil, que desde 2015 divulga anualmente o Mapeamento de Cobertura e Uso da Terra no Brasil.
As informações acima foram divulgadas na sexta-feira passada (dia 26) durante a sétima reunião anual da plataforma. O ITV DS colabora com o MapBiomas desde a primeira divulgação do Mapeamento. Atualmente, com a parceria da Solved, empresa de tecnologia de Belém.
“Eu coordeno o GT do Tema Transversal Zona Costeira e Mineração. Trabalhamos ao longo da semana para finalizar os dados e os documentos e, nos próximos meses, vamos fazer webinários de lançamento dessa coleção nos diferentes biomas – Amazônia, Caatinga e Cerrado – e nos diferentes temas transversais. São dados inéditos que permitem compreender as dinâmicas das áreas de mineração industrial e garimpo e suas relações, por exemplo, com os preços das commodities, com as unidades de conservação e terras indígenas”, afirma Pedro Walfir.
A importância da divulgação desses dados é servir como subsídios para a tomada de decisão dos órgãos públicos. Walfir conta que, durante a sétima reunião anual da plataforma estiveram presentes representantes do Ministério Público, da Polícia Federal e de Organizações Não Governamentais.
“Muito das fiscalizações que os órgãos ambientais têm feito estão fundamentadas nos resultados do MapBiomas. Eles vão lá checar, conferir. A gente mapeia, detecta, quantifica e cabe ao poder público tomar as medidas necessárias, como por exemplo fiscalizar in loco o que nós mapeamos usando dados do sensoriamento remoto”, conclui Walfir.